domingo, 12 de outubro de 2014

Resenha do livro “A Sociedade Informática” de Adam Schaff


Síntese da obra
A obra como um todo se classifica como futurologia sócio-política e tenta por meio de ensaios e deduções explicar o que ira acontecer daqui a vinte ou trinta anos (somente em países de primeiro e segundo mundo) quando a robotização atingir seu auge, e as causas positivas e negativas que isto ira acarretar para nossa sociedade. Este ensaio apresenta-se organizado em 2 grandes capítulos, da seguinte forma.  O primeiro capitulo se restringira para as consequências na sociedade em si, como a questão econômica, a questão do convívio social a questão politica e principalmente as questões culturais. Já o segundo capítulo enfatizara a mudança no individuo quanto à sociedade, a procura do sentido da vida, a procura de um estilo de vida e a mudança nos seus sistemas de valores.

PRIMEIRA PARTE
- Condições iniciais: as três revoluções técnico científicas
A primeira revolução industrial ocorreu entre os séculos XVIII e XIX que foram as implantações principalmente das máquinas a vapor nas indústrias.
Já a segunda revolução industrial tratara da robotização e automatização de serviços que hoje em dia são feitos por homens (trabalho manual) e para tanto três áreas em desenvolvimento são de extrema importância para que essa revolução ocorra e se concretize.
A primeira trata-se da evolução da microeletrônica, em prol da indústria (robotização para ser mais específico), não só da indústria mais dos transportes, na comunicação entre outros, com o principal objetivo de substituir o homem pelo robô ou simplesmente substituir a força física pela força mental, isso irá acarretar vários problemas que iremos tratar nos próximos capítulos.
A segunda evolução trata-se da evolução da biologia que com os avanços conseguira mudar o código genético das plantas, animais e assim poderá não somente conseguir a cura para doenças incuráveis, mas, criar plantas e animais que acabaram com a fome principalmente em países muito pobres por um custo baixíssimo. Porem poderá trazer causas negativas para o homem como a produção artificial de seres humanos para fins de guerra, por exemplo.
E a terceira e não menos importante evolução será a energética, conseguindo recursos que são renováveis como a energia solar, geotérmica, ventos, das correntes de água e principalmente a nuclear, essas formas de energia sem sombra de duvidas irão ajudar para a revolução acontecer, porem se usadas com más intenções (como por exemplo, para fins militares) causarão um dano irreversível a nossa sociedade e principalmente ao nosso planeta.
Nenhuma evolução humana será negativa, porém se usada de maneira errada causara um estrago inestimável a todos nos.

- Mudanças na formação econômica da sociedade
O autor aponta que o principal problema será como conter uma massa que perderá seu emprego devido à robotização e a automação. Com isso apresentam-se alguns dados importantes que são: uma a cada três jovens não tem emprego e até o final do século mais de 35 milhões de empregos serão eliminados devido à automação.
Para evitar um problema maior (no caso seria manifestações violentas, devido à falta de renda), a única solução será prevenir esta situação e uma das principais formas é a diminuição da jornada de trabalho (para que todos possam exercer uma forma de trabalho) e uma nova reformulação de renda (para que a pobreza não se torne algo normal)
Com essa robotização os empresários se tornarão mais ricos e consequentemente irão ter que pagar seus antigos funcionários e lhes proporcionarem uma atividade alternativa para que estes não caiam em depressão e não se tornem delinquentes por falta de renda e ocupação.

- Mudanças na formação social da sociedade
O autor afirma que nenhuma mudança futura pode ser prevista com extrema certeza, porem ele acredita que com a automação e a robotização haverá o desaparecimento da classe trabalhadora e do trabalho (no sentido tradicional do termo), não só no meio urbano mais principalmente no meio rural. Sendo assim este lugar será preenchido por engenheiros, cientistas e técnicos, que futuramente serão os únicos “trabalhadores”.
Com tudo não haverá uma equiparação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual e sim a eliminação do trabalho manual, transformando a educação na única forma de poder atingir um status social desejado. Desta forma os avanços nivelarão a cidade e o campo tirando a sensação de isolamento, e oportunizando uma melhor condição a todos, ou seja, não haverá diferença alguma entre campo e cidade tudo isso graças aos avanços dos meios comunicação, transporte, e saúde.
Porém esse igualitarismo social poderá alavancar um novo problema, que podemos chamar de “controle social”, que fiscalizara toda e qualquer ação que for feita e gravara num banco de dados individual para qualquer hora possa ser usada contra você, graças aos avanços que a tecnologia proporcionara.

- Mudança na formação política da sociedade
Segundo o autor hoje vivemos em uma sociedade de certa forma democrática, porém depois da segunda revolução industrial devido ao enriquecimento exagerado de muitos (donos de indústrias), que ganharão muito mais dinheiro pois poderão produzir 24 horas por dia, essa democracia poderá acabar pois o estado não terá mais poder de impor sobre eles sua democracia, porque quem irá pagar essas pessoas desempregadas serão esses donos de indústrias que potencialmente irão impor o totalitarismo, que provavelmente será aceito, graças a docilidade que a sociedade se tornara perante a eles (meramente uma hipótese).
Deste modo o povo ficara mais rico (tendo todo o bem material que deseja) e não se importara mais com a política deixando um espaço absurdo para a imposição do totalitarismo. Sendo assim a única forma de deter essa imposição é desde já começarmos a nos conscientizar por meio de miniestações publicas contra a imposição deste novo regime totalitário.
Os países socialistas estão muito atrás pois não possuem um avanço principalmente na microeletrônica devido a petrificação de muitas disciplinas que são essenciais para o desenvolvimento de tal área, deste modo a corrida da segunda revolução industrial se dará principalmente no âmbito técnico científico.
Nesta nova sociedade teoricamente sem problemas sociais, o estado se fortalecera ainda mais, pois ficara na “administração das coisas” (transporte, saúde, economia) e não precisara mais perder seu tempo com brigas entre pessoas.
Com isso o estado se centralizara nas questões de interesses de todos e se descentralizara para questões que são de âmbitos regionais, tendo esse poder para decisões próprias, tornando assim a democracia mais ampla e de certo modo mais limpa para todos (meramente uma hipótese).

- Mudança na formação cultural da sociedade
É o que mais vai sofrer com a segunda revolução industrial. Criaram-se autômatos falantes que substituirão (com programação específica) o professor e a forma de ensino.
Com a automação e a robotização, o Estado se centralizara causando assim o desaparecimento das culturas, dos valores e das crenças regionais, passando assim a ter uma única cultura para todos (fruto da informatização).
E essa única cultura se baseara principalmente em países que possuem o capital necessário para controlar as mídias (jornais, revistas, tv e internet), alienando ainda mais a população e causando o que chamamos de “capitalismo centralizado”.
O ritmo será diferente alguns anos representarão vários séculos.

-Observações sobre a especificidade de países do terceiro mundo.
Para falarmos das consequências da segunda revolução industrial nos países de terceiro mundo devemos excluir alguns países dentre eles: a China, países ricos da América do Sul (Brasil, México, Venezuela, Argentina), países do norte da África (Argélia e Egito) e países petrolíferos do Oriente Médio. Pois esses países considerados de terceiro mundo tem uma economia muito forte e logo se tornarão potencias mundiais.
As consequências da revolução industrial nos outros países de terceiro mundo podem ser tanto catastróficas, quanto muito positivas.
Começamos pelo lado negativo, os países de terceiro mundo servem de abrigo para as grandes empresas, pois possuem uma mão de obra barata, porem depois que ocorrer a revolução industrial os autômatos tomarão conta e essas empresas deixarão de investir nesses países causando um declive muito grande na economia e um desemprego estrutural gigantesco.
E o aspecto positivo é que as tecnologias desenvolvidas pela microeletrônica poderão resolver os principais problemas do terceiro mundo que são: a falta de água, a fome e desertificação dos solos. Porém para que essas tecnologias cheguem os países industrializados deverão vendê-las, a um custo baixo e acima de tudo incentivar esses países a criarem uma educação forte (que é à base de tudo) para que esses países saiam desta condição (algo que raramente irá acontecer).

SEGUNDA PARTE
 - O individuo humano e sociedade informática.
Acima de tudo a revolução industrial afetará o individuo humano e o destino de cada um de nós.  Portanto o individuo nasce como uma folha de papel, onde pode ser escrito tudo nela, ou seja, é a sociedade que irá lhe passar os valores, costumes e crenças e ele irá absorvê-los e se tornar parte deles.
Sendo assim esses valores, costumes e crenças certamente no futuro serão mudados para melhor ou para pior tudo isso graças a nova revolução industrial que esta por vir.

- Individuo e sociedade
Segundo o autor o homem moderno não pode viver fora de uma sociedade e por isso deve seguir as normas impostas por ela. Para isso o autor cita que o individuo humano depois da revolução industrial não vivera mais no individualismo total mais sim em uma mescla de individualismo moderno e totalitarismo.
Esta falta do que fazer, gerara problemas muito graves principalmente em jovens que estão ainda em formação. Esses jovens irão se juntar e formar as chamadas “famílias ampliadas” como forma de terem algo para se dedicarem e assim não recorrerem para o caminho da delinquência.

- O homem a procura do sentido da vida.
Para o autor sentido da vida são os conteúdos que motivam o agir do homem e a perde deste sentido causara um vazio existencial (não encontra mais motivo para viver). Portanto o homem que perde seu trabalho ao mesmo tempo perde sua motivação e consequentemente seu sentido da vida.
E o maior problema de todos, são os jovens que quanto atingirem a idade normal para trabalharem, não terão o que fazer e poderão partir para o alcoolismo, toxicomania e principalmente para a delinquência juvenil. Daí a motivo pelo qual deve se encontrar formas alternativas de ocupações, não só do tempo mais que deem um status de vida digno para que esses milhões de pessoas desempregadas tenham o que fazer, e terem um motivo para poderem viver. E uma forma de resolver esse problema de certa forma simples é a educação remunerada permanente de todos.
Para tanto é certo que uma intensa atividade social normalmente se inicie apenas quando o mal já se manifestou claramente, causando inevitáveis danos.

- O homem á procura de um estilo de vida
O autor aponta que haverá grandes transformações na condição do homem para com a sociedade. Uma dessas grandes mudanças será o fato de que o trabalho não servira mais como forma de sobrevivência, mas sim como certo tipo de lazer, distração, ou seja, não haverá mais cobranças, stress, trabalho tradicional e sim criatividade e satisfação para inventar seu “próprio trabalho”.
Com isso as condições do homem e da mulher se nivelarão não existindo mais o preconceito que há hoje.
Para tanto essas situações podem representar um grande risco para a sociedade (principalmente os jovens) que terão muito tempo livre e esse pode se transformar em tédio e até mesmo em atos delinquentes (revoltas, quebra-quebra por não terem  o que fazerem) que irão causar um grande dano a toda a população.
Portanto o homem não sobrevivera sem poder expressar seus sentimentos e sem ter um hobby para poder gastar seu tempo (já que dinheiro não será mais o problema para ninguém).
- O homem a procura de um sistema de valores.
Para o autor é a sociedade que influi nos valores e atitudes do homem e com isso esses valores e atitudes mudam conforme o tempo e o espaço.
Um valor que certamente será mudado depois da revolução industrial será o de que as pessoas não verão mais a riqueza como uma condição para manterem um status melhor que a outra (já que ninguém precisara trabalhar para viver), pois não terão um objetivo para qual alcançarem (já que todos serão iguais e terão condições de frequentarem os mesmos lugares), e com isso eliminar um dos principais fatores que geram o preconceito na sociedade de hoje.
Depois da revolução os cientistas (a grande maioria devido a demanda cada vez maior de tecnologia), buscarão a fé para se manterem lúcidos e continuarem suas buscas por respostas, mas não essa fé elitista e sim a fé dos valores que a religião traz para poderem  “aliviar seus espíritos”.
A sociedade informática não garante automaticamente o paraíso.

Comentário Crítico
O presente livro mostra-se muito produtivo e interessante sobre as questões futuras principalmente depois da chamada segunda revolução industrial. Porém não consegue trazer comprovações e deixam o leitor sem rumo com relação às consequências se serão mais positivas ou mais negativas no âmbito social.
Discordo em uma questão que fica confusa quando o autor cita que depois da revolução industrial a questão das diferenças entre classes (não só econômica, mas também de preconceitos gerais como racismo, homofobia, diferença entre homem e mulher) não existira mais, a meu ver mera especulação que nunca se tornara realidade pelo simples fato de que quando todas as classes se igualarem sem nenhum tipo de briga e preconceito não existira mais estado e muito menos politica (fato que nunca ira acontecer porque ninguém que esta em cima ira ceder para uma melhor condição de todos).
Porém concordo com o autor quando ele demonstra que com a extinção do trabalho (em sua forma tradicional) a população irá entrar em um tédio profundo causado esta “falta do que fazer” (principalmente os mais velhos que estão muito acostumados com esse valor do trabalho). Este valor se refere a busca diária por uma melhor condição, pode parecer algo banal, mas se for analisado friamente o trabalho, a função que acordamos todos os dias para desempenharmos (mesmo que odiamos) é uma necessidade e ao mesmo tempo uma forma de nos motivarmos cada dia mais a buscar um lugar melhor para cada um de nós. E depois do desaparecimento do trabalho as gerações mais jovens que não aprenderão esse valor irão ocupar seu tempo livre muitas vezes para atos ilícitos, como roubos, furtos, entre outros. Por isso a necessidade de se criar “trabalhos voluntários” para  que esses jovens (principalmente) se ocupem com algo que irá ajudar não só eles mas a sociedade interna (fato que o autor propõem).
Para tanto este livro foi de suma importância para me condicionar a pensar no que ira acontecer no futuro não tão distante e com ele entendi muitos aspectos que nunca tinham se passado em minha cabeça e com certeza evolui muito em meu pensamento critico (e até mudei alguns conceitos que tinha) com relação a sociedade e seus avanços com a revolução industrial.





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